Policiais Federais e agentes do Instituto Chico Mendes da
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizaram, ontem, uma operação para
retirada de alguns dos quiosques da Praia do Meio, na Vila de Trindade, em
Paraty. De acordo com informações, moradores fecharam a entrada que dá acesso à
comunidade de forma que ninguém pudesse entrar ou sair do vilarejo. Mesmo
assim, os proprietários dos quiosques
retiraram seus pertences para que eles fossem demolidos.
Dezenas de pessoas participaram de uma manifestação durante a Festa
Internacional Literária de Paraty (Flip) nesta quinta-feira (5), contra
decisão judicial de demolição de quiosques na Praia do Meio, em
Trindade, que estariam em território do Parque Nacional de Bocaina. Os
moradores da área, conhecidos como caiçaras, temem que depois dos
quiosques as atingidas sejam suas moradias.
"Os limites do parque
que cobre toda a região nunca foram totalmente delimitados", afirma o
advogado Ademir Porto, representante da Associação de Moradores da Vila
de Trindade. "O fato deu brecha para que o diretor mudasse estes limites
constantemente, invadindo a região onde moram os caiçaras", acrescenta
Porto.
"Só que o diretor não tem autoridade legal para refazer ou
redimensionar estas demarcações. Ele arbitrariamente foi mudando os
limites do parque até chegar na área onde moram e trabalham os caiçaras,
em plena Praia do Meio", reclama.
Os moradores também denunciam que desde a ampliação dos limites do
parque, os sistemas de água e esgoto, e a limpeza do cemitério foram
cancelados, com alegação de que estariam dentro da região preservada.
"Muitos dos foram expulsos do litoral acabaram engrossando as favelas da
região. É isso vai acontecer aqui se não fizermos nada", afirma Estela
Oliveira, uma das atingidas.
A demolição dos quiosque, segundo o
advogado, trará "prejuízo econômico para os moradores, já que muitos
comerciantes fizeram grandes estoques de alimentos e comidas para a Flip
e não estão podendo trabalhar". Ele acusa ainda a direção do parque de
querer "fechar o acesso a praia, que é muito turística. Isso vai acabar
com a economia local, e o pior, eles não vão ser indenizados".
Segundo
os manifestantes, há ainda pressão do condomínio Laranjeiras, vizinho à
área, para eliminar as construções mais humildes e "limpar a praia" dos
moradores, na maioria de renda mais baixa. "Não é interessante ficar
com os caiçaras na frente, então a solução é sufocar o
povo economicamente, pois assim, elimina-se as suas formas de
subsistência", diz Estela.
O advogado lembra que diversas queixas
foram feitas e abertos processos individuais contra o parque. "Tivemos
uma reunião com o promotor, mas nada foi feito". Na última semana, o
Parque entrou com ação pública em Angra dos Reis contra os moradores e
conseguiu autorização do juiz para as demolições. "Depois que mudaram os
limites silenciosamente, entraram na justiça", afirmou o advogado.
O Jornal do Brasil tentou
contato com o Ibama, o Instituto Chico Mendes (ICM) e a diretoria do
Parque Nacional de Bocaina, mas não conseguiu localizá-los.
Outros conflitos
Os
conflitos envolvendo a retirada de caiçaras das praias da região não
são incomuns. Em junho, depois de muitas manifestações, a 15ª Vara Cível
do Rio de Janeiro começou a decidir se a família de Manoel de Remédios
manterá a posse da Praia de Martin de Sá, onde vive há pelos menos seis
gerações. O julgamento é o resultado de uma batalha judicial que se
arrasta há quase 14 anos. O decisão acabou adiada.
A praia fica na
Reserva Ecológica da Juatinga, criada em 1992, com o objetivo de
fomentar a cultura local e preservar o meio-ambiente. Segundo Flávia
Oliveira, advogada da ONG Verde Cidadania, o problema começou em 2000,
quando uma reforma nas leis ambientais reclassificou as regiões, mudando
as formas de preservação de cada área.
Pela nova legislação, a
reserva viraria um Parque Nacional onde é proibido qualquer tipo de
habitação. "Esta recategorização ainda não aconteceu, por isso a briga
na justiça. É importante frisar que o estilo de vida dos caiçaras é uma
cultura a ser preservada", conclui Flávia.
fonte: http://www.jb.com.br/ambiental/noticias/2012/07/05/moradores-protestam-na-flip-contra-demolicoes-em-trindade/
È Incrivel, ver a trindade e seu povo nativo, sofrendo pela ambição de "Poderosos". porque essa demarcação de "Parque" é só pra "ingles ver" Ou melhor " Poderosos $$$$$$$$$$".
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